Senhores do Céu

     As aves são os verdadeiros senhores do céu: todo ano, a andorinha-do-ártico percorre dezenas de milhares de quilômetros voando, o grou pode voar mais de 30 horas sem parar, o falcão peregrino efetua voos a mais de 250 km/h, o ganso-das-neves sobrevoa montanhas a mais de 8 mil metros de altitude e os andorinhões chegam a dormir no ar!
     Todas essas proezas, os pássaros devem a uma invenção genial da natureza: as penas! Ao mesmo tempo muito leves e resistentes, rígidas na base mas dando provas de uma enorme flexibilidade nas extremidades, elas asseguram a sustentação do pássaro no ar.
     Adaptações das escamar originais dos répteis, as penas são de uma complexidade incrível. Na ponta da "haste" (o mastro central) saem as "barbas", que são penas em miniatura. Essas barbas, por sua vez, carregam as "bárbulas", ainda menores, que carregam minúsculas "barbicelas", cuja extremidade é guarnecida de um gancho que permite a elas se fixar umas nas outras. Juntas elas formam uma tela muito densa, tecida como as malhas de uma rede de pesca.  Uma única pena de um pombo, por exemplo, é composta de centenas de milhares de bárbulas e de alguns milhões de barbicelas!
     As penas revestem o pássaro, dando a ele o perfil aerodinâmico de que necessita para cortar o ar. A plumagem serve também como um isolante térmico muito eficaz. No inverno, as diferentes camadas de penas permitem ao pássaro conservar o calor corporal; no calor, as penas se achatam, reduzindo a espessura dessa camada protetora e contribuindo para liberar o calor excessivo. Os pássaros jovens e as espécies que vivem nos lugares mais frios possuem uma espessa camada de penugem, penas pequenas e sedosas que formam uma cobertura isolante inigualável.
     As penas das aves sofrem um desgaste permanente e também podem se quebrar durante um choque, uma luta entre dois indivíduos, etc. Elas precisam ser substituídas em intervalos regulares: é por isso que ocorre a muda. Assim, os pássaros trocam a plumagem uma ou duas vezes ao ano, dependendo da espécie. A muda é progressiva evitando assim que o pássaro perca a sua capacidade de voar: apenas patos, gansos, e alguns pássaros aquáticos ficam impossibilitados de levantar voo durante um curto período de tempo, na época da muda, tempo necessário para que as penas cresçam.
     Os pequenos pássaros possuem geralmente de 2 mil a 5 mil penas, embora um cisne adulto possua mais de 25 mil. Entre as aves que vivem nas regiões temperadas e frias, a plumagem no período frio é habitualmente mais densa que no calor: um pardal doméstico possui até 3.550 penas no inverno contra 3.150 no verão, o que lhe permite conservar a temperatura corporal de 42ºC mesmo no frio.

^Pardal doméstico